Devlin, o Motoqueiro


© Coleção Equilíbrio em Duas Rodas (2021)
Livro: Ficções em Duas Rodas

DEVLIN O MOTOQUEIRO
Fábio Magnani
[publicado originalmente em maio de 2011]

Como eu cresci em uma cidade pequena, sempre tive o costume de ir ao circo. Lembro que às vezes meu avô passava em casa para me levar. Eu vibrava muito com o trapézio e os palhaços, não tinha paciência nenhuma para malabaristas e contorcionistas, e achava legal o leão e o macaco. Mas eu ficava mesmo era esperando a hora do globo da morte. Acho que era a parte preferida de todo mundo, já que o circo sempre deixava para o final. O barulho dos escapes abertos, as luzes rodopiando na lona e o movimento caótico das motos deixava qualquer pessoa imóvel, de boca aberta e olhos esbugalhados, sem nem pensar em piscar.

Além do circo, algumas vezes aparecia algum show de acrobacia com carros saltando rampas, dando cavalo de pau e fazendo loops aéreos em estruturas metálicas. Mas acho que nunca apareceu nenhuma equipe com motos, como é comum hoje em dia nos motoencontros. Para ver motos voando, só quando passava alguma peripécia do Evel Knievel na televisão.

Por falar em televisão, já fazia um tempo que eu vinha tentando lembrar o nome de um desenho animado de moto que eu assistia quando era criança. Talvez eu não tenha procurado com tanto afinco, talvez seja difícil encontrar mesmo, mas a verdade é que só hoje consegui descobrir o nome do desenho: Devlin, o Motoqueiro.

Os três irmãos Devlin – Ernie, Tod e Sandy -, cruzavam o país em um motorhome, parando de cidade em cidade para fazer suas apresentações. Naquela época os desenhos eram quase sempre comédias e os personagens eram animais ou super-heróis. Esse desenho era um pouco diferente, pois trazia humanos em situações dramáticas. Mas não era chato, porque também tinha bastante aventura.

Isso tudo mexia com a minha imaginação de criança do interior, pois eram famosos, viajavam para todos os cantos, usavam macacões coloridos, formavam uma família unida, resolviam seus conflitos morais, cresciam com as experiências, faziam acrobacias com muita coragem, ajudavam todos que encontravam no caminho e, claro, tinham motos.

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