Livro: De Motoca na Estrada
Fábio Magnani
[publicado originalmente em setembro de 2008]
08.09.2008
No último domingo fomos conhecer as cachoeiras de São Benedito do Sul-PE. Desta vez só estávamos em três: Fábio (Falcon), Heldder (Sahara) e Wagner (XT660). Combinamos a viagem no encontro do ClubeXT600. Depois de um certo desencontro, saímos às 06:45 do posto Petrobrás no entroncamento da Estrada da Batalha com a BR101.
Embora o caminho fosse mais longo, tínhamos combinado de irmos pela litorânea e voltarmos pela serra de Bonito-PE. Perto de Serrambi-PE eu e o Heldder, que estávamos indo atrás, vimos uma peça aparentemente metálica correndo pela estrada. Paramos uns 200m adiante para ver se era algo da moto do Wagner. Logo o Heldder percebeu que era o peso de guidão que tinha caído. Os dois andaram os 200m procurando a peça por uns 20 minutos. Até que encontram! Quando foram montar, descobriram que também faltava o parafuso. O Wagner voltou correndo e, depois de uns 15 minutos, encontrou também! Vai ser muquirana assim lá no inferno…
Fomos tomar café em Tamandaré-PE. Misto quente com café. Compramos uns calções e seguimos para a praia. No caminho, tivemos que andar de moto entre a parada de Sete de Setembro. Me senti no próprio Easy Rider.
Deixamos as roupas em um restaurante. O Wagner não tinha vestido a calção por debaixo da calça, tendo que se trocar no meio do restaurante, sentado com uma toalha por cima. Nisso chega um pai com uma adolescente e pergunta à dona do restaurante se havia um lugar para a menina se trocar. Nisso o Wagner se levanta da cadeira onde estava escondido e responde “É aqui mesmo, já estou saindo”. Eu nem tive coragem de olhar para trás para ver a cara da dona do restaurante…
Fomos até a praia tomar um banho. Eu normalmente não saio do roteiro quando viajo. Não por achar errado, mas quando se viaja sozinho você fica menos animado a fazer essas tentativas. Valeu a pena, porque estava muito quente ficar no sol dentro das nossas jaquetas. Ainda na praia, o Wagner resolveu mostrar o seu passado de ginasta olímpico. Um mimo…
Na saída de Tamandaré-PE, as 10:30, o Heldder e o Wagner desceram um barranco para conhecer uma cachoeira, enquanto eu que já a conhecia fiquei lá em cima cuidando das motos. Os dois desceram correndo no meio do mato, vestidos de preto. Quando chegaram lá embaixo encontraram um rapaz e uma moça que ficaram paralisados achando que seriam seqüestrados. Acho que até agora ainda não recuperaram as vozes…
Viramos para oeste até Palmares-PE onde abastecemos. Lá decidimos onde iríamos passear. São várias cachoeiras na região. Decidimos pela “mais procurada”, segundo o recorte de jornal que levávamos. Andamos uns 6 km pela BR101, que é a vergonha de Pernambuco, depois entramos novamente para o oeste.
Chegando perto de São Benedito do Sul-PE começamos a perguntar onde ficava a Cachoeira Peri-Peri, a mais procurada. Paramos várias vezes para perguntar, até que descobrimos uma pequena entrada de terra, obviamente sem placa alguma. Abrimos a cerca e entramos. Não havia nenhum sinal de movimento por ali. A estrada era de barro, mas coberta de capim, que escondia as valas. Descemos até onde deu. Já avistávamos a cachoeira, mas nenhum sinal de estrada para lá. Deixamos as motos e andamos uns 200m no meio do mato e lama até chegarmos na cachoeira. Completamente deserta. Descobrimos, então, que é a cachoeira mais procurada porque ninguém consegue encontrar.
A água era muito fresca. No começo ficamos com medo da correnteza porque logo abaixo havia uma grande queda. Mas depois fomos entrando devagar e chegamos na pequena queda de uns 2m de altura. Depois pegamos mais coragem para subir estes 2m e seguimos riacho acima. Lá encontramos uma outra cachoeira de uns 6m de altura. Subimos a bicha, andamos mais um pouco e encontramos uma terceira cachoeira, de uns 15m. Linda. Nada como um grupo de amigos para fazer coisas imprudentes que cada um isoladamente não teria feito.
Aqui chega a hora em que é impossível relatar. A sensação de liberdade e satisfação por tomar um banho de cachoeira é indescritível. Ainda mais quando você chegou lá com a sua motoca!
Ficamos nadando por ali até as 14:30, quando resolvemos voltar para Recife-PE. Subimos até Bonito-PE para almoçar. Chegamos às 16:00 no Restaurante do Cearense, para uma carne de sol e sarapatel. Ficamos combinamos mais um pouquinho da viagem para o Atacama em janeiro de 2010. O Geraldo também vai fazer essa viagem para o Atacama, mas naquele momento estava lá no Ceará, aproveitando as suas férias em uma viagem de moto.
As 17:00 pegamos um pôr-do-sol realmente especial na descida até Bezerros-PE. Parecia que o sol tinha diminuído um pouco a sua força para podermos adorá-lo sem ficarmos cegos.
Abastecemos em Gravatá-PE. Até ali tínhamos andado em média a 95 km/h. De Gravatá-PE a Recife-PE, já escuro, fizemos uma média de 110-120 km/h.
Chegamos em casa às 18:30.
Muito bom o dia. 430 km, 10 horas na estrada, banho de mar, banho de cachoeira. A companhia foi muito boa. Valeu!
Perto de Serrambi-PE, esperando o Wagner procurar o parafuso.
Um cheira-cola mexendo na moto do Heldder lá em Tamandaré-PE.
No ponto mais próximo da cachoeira que dava para chegar de moto.
Finalmente um banho de cachoeira para suportar mais uma semana.
Heldder.
Fábio.
Wagner.
Nossas companheiras ficaram pastando enquanto esperavam.
A famosa cachoeira de Peri-Peri (espero).
Acreditem ou não, era assim que o céu estava no final da viagem, perto de Bonito-PE.
