Parque Nacional das Sete Cidades-PI

© Coleção Equilíbrio em Duas Rodas (2021)
Livro: De Motoca na Estrada

PARQUE NACIONAL DAS SETE CIDADES-PI
Fábio Magnani
[publicado originalmente em julho de 2008]

Hoje o dia foi aqui dentro do Parque Nacional das Sete Cidades. Como o hotel fica dentro do parque, não há necessidade de sair para nada. Logo de manhã chegou o Bruxo (do ClubeXT600) e o seu filho, para me acompanharem em um passeio. Fomos de moto até o centro de visitantes, para contratar um guia, o que é obrigatório para todos os tipos de passeio no parque. Como o Bruxo só tinha a manhã livre, decidimos ir de moto até a Cachoeira do Riacho. O Bruxo levou o seu filho na garupa, enquanto eu levei a guia. A cada areião que passávamos, me lembrava da Renata caindo da moto lá no Catimbau-PE. Embora fossem apenas uns 5 km, fiquei novamente paralisado de medo de cair com alguém na garupa. Tomei um banho de cachoeira e conversamos bastante por lá. Na volta, tive uma idéia que deveria ter tido antes. Quando passássemos nos areiões, pediria para que a guia descesse da moto. Desta forma voltei tranqüilo. Se tem uma coisa de que não padeço é vergonha por não ser experiente em moto, mesmo não sendo mais nenhum garoto. Agora com todos seguros, pude andar melhor.

Me despedi do Bruxo e seu filho, deixei a moto no centro de visitantes e segui com a guia para uma caminhada pelo parque. A vegetação é um misto de cerrado (predominante) e caatinga. O nome sete cidades foi dado por causa das formações rochosas que são agrupadas em sete conjuntos. Pela força do vento, as rochas foram esculpidas em formas interessantes: elefantes, bruços, casais se beijando, mapas, canhões etc etc. Passamos por seis das sete cidades, ainda pela manhã. No mirante pudemos ver cerca de 70% do parque. Lindo. Há também pinturas rupestres, mas o enfoque a elas parece ser principalmente lúdico. Fala-se de aviões, extraterrestres emitindo raios etc. Se você passar por um portal terá seu desejo atendido. Se duas rochas em forma de lagarto se beijarem, finalmente as sete cidades voltarão à vida. Histórias de fantasmas, almas. Legal.

O que mais gostei do parque foi o clima relaxado, tranqüilo. Caminhar pelas trilhas silenciosas entre as pedras é delicioso.

Depois de tomar um banho na piscina natural de pedras perto do hotel, almocei e fui descansar um pouco. Às 17:00, peguei uma bicicleta e fui até o mirante, novamente, para ver o pôr-do-sol. Magnífico. Na volta, ainda de bicicleta e sozinho, fiquei lembrando das histórias de onça que tinha ouvido pela manhã.

No início da noite fique ouvindo música deitado nas redes da área comum do hotel, enquanto esperava uma canja perfeita. Diferente da canja “de hospital” que estou acostumado a tomar depois de uma bebedeira, a canja era bem encorpada pelo frango desfiado, temperada com gosto e avermelhada pela cenoura.

Fui dormir tranqüilo, com a mente clara e a alma em paz. Sem medo de fantasmas, extraterrestres ou lagartos gigantes.

06/07/2008

Hoje não andei de moto. Acordei pela manhã e fui novamente para o centro de visitantes. Contratei uma guia e saí de bicicleta para conhecer o restante do parque. Fui até à Cachoeira do Riacho tomar um novo banho e até à primeira cidade, que era a que faltava, conhecer as pedras em forma de canhão e o Olho D’água dos Milagres, onde tomei mais um banho. Passei ainda pelo Mirante, para contemplar mais ainda o parque. Resolvi alugar a bicicleta pelo dia todo. Uma boa bicicleta, de marcha (bem, uma marcha) e com pneu careca. Há uma parte no parque, entre a portaria e o hotel, de 6 km, na qual se pode andar sem guias. Antes do almoço fui novamente tomar um banho na piscina natural. Depois de uma caminha ou pedalada no sol do Piauí, acho que não é de se estranhar que eu tenha tomado tantos banhos. Comi uma bela de uma Maria Isabel, que é um arroz misturado com charque.

À tarde andei mais de bicicleta. Acho que não andava de bicicleta a uns 20 anos. Tendo andado 40 km hoje, pela terra, no sertão e sem marchas, espero que dê para imaginar o meu cansaço. Mas valeu a pena.

Como já falei antes, não tenho muita experiência com motos. Além disso, a Falcon não é a melhor das motos para aprender a andar na areia, pois não perdoa erros. De bicicleta pude me aclimatar bem a esse terreno. Entendi a necessidade de acelerar na areia. O que acontece é que quando a bicicleta, ou moto, entra na areia, ela é freada. Para manter a velocidade constante, é necessário acelerar. Outra coisa interessante é o som. Quando a bicicleta sai da areia e volta para as pedrinhas, o som do pneu é parecido com o de uma roda travada. Daí dá um susto parecendo que você perdeu o controle. Espero que essas lições na bicicleta me ajudem na moto a partir de amanhã.

Na volta da portaria, de bicicleta, estava eu andando pela beirada da estrada para aproveitar bem as lições do areião. Quando uma cobra deu um bote no meio do mato, fazendo bastante barulho. Foi longe de mim, não tendo perigo algum, mas levei um baita susto, que me deu “energia” para chegar rapidamente no hotel, sempre pelo meio da pista.

Ao chegar no hotel, lá pelas 17 horas, me deparei com um estado do qual fujo normalmente: ficar sem fazer nada. Quando acontece isso vou ler, andar de moto, assistir algo na TV, mexer na internet. Mas, ficar sem fazer nada, é terrificante. A Renata, que tem as manhas para ficar quieta meditando, gosta de brincar que sou hiperativo. Bem, me esforcei bastante para ficar na rede quieto, ouvindo um Alceu Valença. Depois de um tempo de ansiedade funcionou. Me senti totalmente tranqüilo ali no meio do Parque das Sete Cidades, sem nada para fazer, sem nenhuma expectativa.

Normalmente eu iria em um lugar assim em busca de informação, aprendizado. Desta vez consegui fugir um pouco disso, aproveitando a calma e a paz. Talvez um dia eu aprenda a não querer aprender o tempo todo!

Mais um dia perfeito! Amanhã volto para a moto, rumando para o sul do Piauí, de encontro à Renata.

Sábado – 05-6/07/2008
Dia de passeio no Parque Nacional das Sete Cidades-PI
Quilometragem: 13 km

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