Livro: De Motoca na Estrada
Fábio Magnani
[publicado originalmente em novembro de 2008]
03.11.2008
Registro do Curso de Pilotagem Off-Road da WMotoCenter. 02/11/2009
Neste último final de semana, eu e o Gustavo Erivan fizemos o curso de Off-Road da WM. Um curso teórico na sexta-feira das 19:00 às 21:00 e a prática no domingo, das 08:00 às 15:30. O preço total foi R$ 330,00, incluindo o curso, todo equipamento, vestimenta, gasolina e a moto.
Como já é sabido, depois do tombo no Vale do Catimbau em abril, eu fiquei com bastante receio de andar na areia. Com o tempo a coisa foi melhorando um pouco. Algumas voltas lá no Parque Nacional das Sete Cidades-PI em julho, um trecho de terra para a Cachoeira do Roncador-PB em setembro e no meio de outubro um trecho de 50 km na Praia da Redonda-CE, com a instrução dos nossos amigos Luiz Almeida e Glauber. Aos poucos fui perdendo o medo paralisante de andar na terra, mas apenas com modestos progressos. Eu esperava continuar este longo aprendizado no curso da WM.
A WM é uma empresa nova aqui em Recife-PE. Oferece serviço de mecânica, lavagem de motos, aluguel de motos e equipamentos de off-road, cursos e expedições. O ambiente é ao mesmo tempo organizado e familiar. Só achei o valor das revisões um pouco salgado em relação às outras oficinas. No meu caso ainda é cedo para avaliar se vale ou não a pena pagar este preço. Mas até que me provem o contrário, continuarei na confiança. Deve ser levado em conta que tenho pouquíssima experiência com motos ou oficinas, pois tenho moto somente há 20 meses e fiz quase todas as revisões na Honda. Espero realmente que o serviço da WM seja de primeira. Estou contando com isso, tanto que estou fazendo todos os serviços lá. O Wilton Godinho, dono da WM, já participou de vários Rallyes do Sertão. O curso apresentado por ele, misturado com suas histórias, é perfeito para colocar a todos no clima.
No domingo, como tinha acabado de fazer o motor, tive que ir até Gravatá-PE andando a 80 km/h. O Erivan saiu um pouco mais tarde de Recife-PE e me encontrou no caminho, exatamente no Rei das Coxinhas. Chegamos na Fazenda Monte Castelo às 08:00. Demoramos um tempo para colocar a calça, blusa, joelheira, cotoveleira, colete, bota, óculos, capacete e luvas. A bota de off-road é muito pesada e inflexível. Dava a impressão de que não seria possível mudar de marchas.
Enquanto esperávamos o resto do pessoal chegar, demos umas voltas com as motos na terra. Logo já estávamos nos acostumando a mudar as marchas. Os pneus para off-road fazem toda a diferença. Parece que você está andando no asfalto. Muito diferente de andar no areião com pneu liso e cheio.
O curso começou às 09:00. Havia pessoas com um pouco de experiência em off-road, pessoas como eu com experiência só em asfalto e outros que nunca tinham andado de moto. Fizemos slaloms sentados e em pé, aprendendo como posicionar o corpo nas curvas. Os mais novatos ficaram inicialmente separados treinando outros fundamentos. Depois treinos de frenagem e aceleração em pé, também com bastante ênfase na posição do corpo. Mais curvas fechadas e passagens por obstáculos. Neste último treino quase todos tiveram um pouco de dificuldade, porque era necessário levantar um pouco a roda dianteira.
Paramos para um rápido lanche com água e frutas. Depois seguiu um treino que achei impressionante. Subimos e descemos várias vezes um barranco inclinado de uns 2m de altura. De lá fomos para uma pista de areia treinar o que tínhamos aprendido. Mais uma vez fiquei impressionado. Todos nós estávamos andando muito bem na areia. Com segurança nas curvas, subidas e descidas. Alguns mais rápidos, outros mais lentos.
Voltamos para um lanche e mais água. Daí seguimos para uma trilha no meio da caatinga. Pela terceira vez fiquei embasbacado. Todos nós desviávamos de pedras, subíamos ribanceiras, nos metíamos em pequenas valas, enfrentávamos espinhos. A moto balançava o tempo todo, mas isso não causava medo. Parecia natural. Jamais imaginei que um dia poderia fazer uma coisa daquelas. E quero enfatizar que não é nenhuma habilidade especial latente não. Todos nós fazíamos aquelas coisas maravilhosas. Não que estivesse correndo como um profissional. Mas, comparando com o que fazia antes… era um progresso inacreditável.
O curso acabou às 15:30, com todos nós orgulhosos pelo o que tínhamos alcançado ou aprendido. O curso foi 10!
Fazendo uma comparação com o curso da MSF (Motorcycle Safety Foundation), que eu só conheço por vídeo, o curso da WM é fantástico. Na parte de fundamentos é comparável, mas a ousadia com que nos “joga” para as trilhas é marcante. Só pessoas com grande conhecimento de motociclismo podem perceber quando os seus alunos já estão preparados para os desafios.
Eu aprendi muito mais em dois dias (no curso da WM e no passeio da praia em Redonda) do que aprendi em um ano e meio andando sozinho.
Bem… não andamos exatamente no areião do Catimbau. Esse desafio vai ficar para uma próxima expedição da WM. Mas só de subir barrancos, ladeiras, fazer curvas com segurança, andar em pé, frear na terra, aprender as posições etc etc, já foi muito melhor do que o esperado.
A volta foi anticlimática. Com o motor ainda amaciando, voltamos passeando a 80 km/h. No dia seguinte senti as dores em músculos normalmente pouco usados nas costas. Durante umas 24 horas não consegui tirar as imagens das trilhas da minha cabeça. Na realidade, ainda não me acostumei com o fato de ter conseguido fazer tudo aquilo. Valeu!